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Coqueluche avança no Estado de São Paulo




Os dados do Estado de São Paulo sobre a incidência de coqueluche, popularmente conhecida como tosse comprida, comprovam a percepção clínica de infectologistas sobre o ressurgimento da doença. Até julho deste ano, a infecção atingiu mais pessoas que no ano passado inteiro, quando o Estado concentrou cerca de um terço dos casos do País.

Há vacina no SUS apenas para crianças, mas são adultos e jovens os principais disseminadores do causador da infecção, a bactéria Bordetella pertussis.

A coqueluche costuma ser mais grave em menores de 6 meses, podendo levar à morte por pneumonia, já que a imunidade é adquirida apenas após a terceira dose da vacina tríplice bacteriana. Mas esse tipo de imunização, cujas cinco doses devem ser tomadas até os 6 anos, conferem imunidade apenas por dez anos - e mesmo quem já teve a doença está sujeito a nova infecção.

'Temos observado cada vez mais casos nas enfermarias e nas UTIs de pediatria', diz a infectologista Rosa Barbosa, da Sociedade Paulista de Infectologia.

Em adultos, a coqueluche pode ser confundida com um resfriado, portanto dificilmente é diagnosticada. Por isso, Rosa afirma que o aumento de casos é apenas a 'ponta do iceberg'.

Até julho, o Estado teve 183 casos, com 6 mortes. Em 2010, a doença atingiu 176 pessoas, das quais 7 morreram. No País, foram 593 casos neste ano e 588 no ano passado. O pediatra Renato Kfouri, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, confirma que a sensação é de aumento das infecções, apesar da boa cobertura vacinal entre crianças.

Ele conta que a situação da doença mudou muito desde o início da vacinação no País, na década de 1980. 'Depois da vacinação, a coqueluche praticamente sumiu, mas quando as crianças vacinadas na década de 1980 perderam a imunização, voltaram a portar a bactéria e a infectar os bebês', explica. 'A doença tem potencial epidêmico. Podem ocorrer surtos em escolas e creches. Um funcionário infectado e não diagnosticado pode contaminar várias crianças.'

Estudos internacionais comprovam que adultos são os principais transmissores. Pesquisa publicada no Pediatric Infectious Disease Journal, em 2007, concluiu que 83% dos casos de coqueluche em menores de 6 meses têm relação com o contágio por meio parentes, sendo os próprios pais os responsáveis por 55% das transmissões.

Diretora da Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado, Telma Carvalhanas afirma que o aumento dos casos 'ainda está dentro do esperado'. Segundo ela, a coqueluche se caracteriza por ciclos, com picos a cada três ou quatro anos, seguidos por declínio. Ela diz que o diagnóstico tem sido aprimorado, com um sistema mais rápido e sensível de detecção.

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